quinta-feira, 27 de agosto de 2009

"Entre quatro paredes", Jean-Paul Sartre

Huis clos, em francês, é uma peça de teatro escrita por Jean-Paul Sartre no ano de 1944. Todos devem saber que a Segunda Guerra Mundial estava chegando ao fim. Mas as pessoas que viveram essa época ainda não sabiam. Os campos de concentração já haviam chegado ao conhecimento de boa parte da população mundial. A sociedade estava horrorizada, havia uma grande oposição ao genocídio e à arbitrariedade do regime, contudo ainda havia aqueles que apoiavam o regime e a idéia nazista. Na peça Huis Clos Sartre trás elementos importantes da sua teoria/filosofia existencialista, que está significada substancialmente no livro fundamental L'Être e le Néant (O Ser e o Nada), na pele de três personagens simbólicamente mortos e presos "para sempre" num quarto de hotel. Dizem que ele escreveu a peça numa sentada em um café de Paris. Impressionant! Esses personagens não se conhecem quando se encontram, mas rapidamente vão criando intimidade. E cada um no seu turno serve de carrasco para o outro. Temos Garcin, um jornalista covarde, Estela, a infanticida, e Inês, assumidamente má. Primeiramente, Sartre nos faz entender que somos condenados a ser livres. Por exemplo, Garcin pergunta à Inês se ele é mesmo um covarde. Ela responde: "mas eu não sei de nada, meu amor, eu não estou na sua pele. É você quem decide."

Ah! importante, esse lugar onde eles estão, supõe-se que é o inferno. Eles sentem que vão ficar lá por toda eternidade, juntos e dependentes uns dos outros. Então, Garcin, no climáx da peça e da sua loucura, compreende que está no inferno, e diz: "[...] Ah, vocês são só duas? Eu pensei que vocês eram em maior número. (Ele ri) Então é isso o inferno. Eu nunca poderia imaginar... Vocês se lembram: o enxofre, a fogueira, a grelha... Ah! Que brincadeira. Não há necessidade de grelha: o inferno, são os Outros (L'enfer, c'est les Autres)."

No prefácio de 1965, após severas críticas, ele se retruca explicando que nem todas as relações humanas são um inferno. O que ele quis demonstrar foi simplesmente a importância capital dos outros para cada um de nós. Essa relação entre eu e o outro, quando mal-sã pode realmente ser um inferno. Não quer dizer que toda vez o outro seja um inferno. Daí a responsabilidade de cada um usar sua liberdade e escolher o caminho que lhe é mais aprazível.

Além disso, ele mostra, através do absurdo (as pessoas são na verdade mortas-vivas, simbolicamente falando) a importância da liberdade em nossas vidas, ou seja, a importânica de mudar de um ato para outro. O termo mort-vivants (mortos-vivos) vem dessa afirmação da liberdade. Muitas pessoas caem na armadilha dos hábitos, dos costumes e da preguiça, são julgados e sofrem com isso, mas não fazem nada para mudar. É por isso que os três personagens estão presos num quarto do qual não querem ou não conseguem sair. Até aparece, num dado momento da peça, uma oportunidade em que a porta do quarto se abre, mas eles não saem, têm medo. Segundo Sartre, "L'homme s'installe dans le confort de la routine et oublie qu'il a de la liberté." (O homem se instala no conforto da rotina e esquece que é livre).

Cada um poderia mudar de rumo quando não estivesse feliz ou satisfeito com ele, somos livres para isso. Mas no caso de não mudarmos, é também um escolha livremente tomada. Deve ser por isso que ele disse que somos condenados a ser livres.

2 comentários:

  1. Bela sinopse. Sartre é um gênio, ou melhor se construiu gênio.

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